“Um coração de enxofre fumegante... uma alma sem um guia para limitar sua vontade febril... o orgulho que ruge seus desejos vindo da paixão. Se fui feito para a arte... desde criança rezo para poder observar a beleza... e culpo a dama a que nasci para servi...” (Michelangelo)
Michelangelo foi um dos mais talentosos artistas de todos os tempos, sendo capaz de criar obras-primas admiradas ao longo dos séculos.
Os amantes da arte apreciam até hoje algumas de suas obras como as esculturas de David e Pietá, os afrescos da Capela de Cistina e a cúpula da Basílica de São Pedro.
Michelangelo era dono de uma personalidade controversa, cujo talento foi tão marcante que lhe rendeu, ainda em vida, o título de “o divino”. Foi o maior artista renascentista da história.
Considerado durante séculos como um homem torturado e sozinho, Michelangelo passou por muitos sofrimentos e apesar do sucesso adquirido, jamais perdeu sua paixão criativa.
Vários artistas da sua época foram esquecidos, enquanto Michelangelo e sua obra permaneciam por gerações. Ele era um homem de contradições radicais, sendo algumas vezes arrogante e em outras, humilde. Vivia no extremo do amor e do ciúme. Percebemos com seu trabalho que Michelangelo encontrava refúgio para suas agonias e momentos de êxtase em sua arte, que revelam suas lutas internas e seus conflitos existenciais.
Nascido em 6 de março de 1475, fazia parte de uma família incomum, nenhum de seus parentes tivera ligações com a arte, pelo contrário. Seu pai era burocrata e nunca se soube muito sobre sua mãe, apenas que por sofrer uma queda de um cavalo ficou impossibilitada de criá-lo, cabendo esta responsabilidade a sua ama de leite. Sua mãe veio a óbito quando ele tinha 6 anos.
Quando criança trocava os estudos pelas brincadeiras com mármore, passava dias com sua máquina de talhar. E por volta dos 10 anos começou a estudar formalmente, mas logo depois os estudos foram deixados para trás, pois decidiu perseguir sua meta com muita dedicação, queria a todo custo ser um artista, apesar de seu pai abominar a idéia, pois na época, os artistas tinham menos status do que um trabalhador comum. Apesar de todas as surras que levou de seu pai por toda sua teimosia, nunca pensou em desistir do seu grande sonho e aos 13 anos de idade, seu pai o entregou aos ensinamentos do artista mais respeitado de Florença e como aprendiz, ele desenvolveu a arte de pintar com uma técnica diferente da utilizada na época, dando preferência à pena ao invés do pincel.
Era um observador nato, desenhando tudo o que encontrava em suas caminhadas pela cidade.
Chegava a despertar a atenção dos maiores conhecedores da época por sua habilidade e os elogios recebidos serviam de inspiração para o seu crescimento artístico.
Morou no Palácio de Médici e conheceu vários poetas, filósofos e negociantes que influenciaram a sua vida.
Para Michelangelo, a arte representava o sofrimento e por isso era reconhecido como um homem atormentado e de difícil temperamento. Durante sua jornada teve suas rivalidades com outros artistas e o principal deles foi o pintor Leonardo da Vinci.
Aos 17 anos Michelangelo decidiu dedicar-se a anatomia, o que daria um plus a sua carreira artística.
Algumas das suas principais obras: Pietá, uma de suas mais famosas, mostra a Virgem Maria ninando ternamente o corpo de Cristo. A fotografia exposta no documentário nos dá a dimensão da expressão sentida pelo artista e a influência causada pelos estudos de anatomia apresenta um impacto enorme a essa estátua, sendo esta, a única obra que leva o seu nome gravado. Esta obra provou a genialidade de Michelangelo e aos 25 anos tornou-se famoso.
Após 4 anos de trabalho ininterrupto ele concluiu a escultura do rei David de aproximadamente 5m de altura, essa escultura demonstrou tudo o que Michelangelo havia aprendido até então e após esta exposição ele passou a ser considerado um dos maiores escultores vivos. Ao observarmos a estátua de David temos convicção da grandiosidade desta obra não apenas pelo tamanho em si, mas principalmente pela dimensão do conhecimento adquiro por Michelangelo e pelo amor expresso através da arte.
Em 1508 Michelangelo recebeu a tarefa mais importante de toda sua jornada, comparando ao que ele já havia feito, o Papa Julio II favoreceu a ele a obra mais desafiadora de toda sua vida; pintar o teto da Capela Cistina. De imediato a proposta foi recusada, pois a pintura não era a sua especialidade, mas em seguida o pedido foi aceito e o desafio iniciou-se. Um teto de quase 200m2 tornou-se sua empreitada por 4 anos de trabalho exaustivo. Sua determinação por criar imagens nesta obra-prima, confirmou a sua grande visão e talento. Ele contou com a ajuda de 13 assistentes que eram encarregados das tarefas menores, ficando Michelangelo responsável por pintar quase toda a superfície sozinho, de pé, em andaimes a 23m do chão, durante horas a fio, ele pintara com grande sacrifício físico, chegando até a contrair papeira, as dores sentidas pelo corpo eram quase insuportáveis, mas finalmente em 1º de novembro de 1512 a criação de Michelangelo foi revelada ao mundo, a superfície do teto foi coberta por 33 painéis e contra a sua vontade, o maior escultor da época, tornou-se também o maior pintor e aos 37 anos de idade ficou reconhecido como o “divino” por seus contemporâneos.
Percebe-se aí a importância das reais características de alguém que ama a profissão. Com a imaginação conseguimos viajar até a antiguidade e concluímos que arte na verdade é a maior expressão dos sentimentos do artista. O amor e a determinação são os pilares de sustentação para realização de grandes projetos.
Michelangelo passou a ser o artista mais renomado e procurado de toda a Europa. Em 1546 iniciou outro projeto arquitetônico de suma importância, a finalização da Basílica de São Pedro em Roma, que até hoje é uma das mais famosas e copiadas obras de toda a arquitetura.
Michelangelo superava a si mesmo a cada nova realização, toda obra atual era de maior qualidade que a anterior.
Até o fim da sua vida, a sua mente permanecia inquieta, mesmo com pouca saúde, 8 dias antes de morrer, ele continuou explorando a arte até o fim e apesar da qualidade crua e inacabada de suas últimas estátuas, todos conseguiam identificar o amor de Michelangelo pela obra. No início, a beleza o inspirava e na sua velhice, a fé o mantinha de pé e os resultados sempre foram evidentes.
Quando morreu em 1564 aos 89 anos, deixou um legado de conhecimentos artísticos que permanece até hoje inigualável. Centenas de anos após a sua morte, milhões de pessoas ainda maravilham-se com suas obras primas que sempre expressam seus sentimentos e experiências.
Em suma, Michelangelo foi o primeiro artística que olhou o homem e o pintou do jeito que ele é.
O que move o artista é a sua obra, Michelangelo não somente deixou grandes obras-primas para que possamos apreciar por muitas e muitas gerações, através do seu legado também foi capaz de nos dar uma bela lição de vida.
Deixou claro que quando sonhamos, precisamos persistir no foco se tivermos talento e reconhecermos o dom que Deus nos presenteia. Não houve nada que o fizesse desiste, nem seus maiores sofrimentos: a morte de seus familiares, as necessidades financeiras, os amores frustrados ou até mesmo os sacrifícios enfrentados quando seu corpo gritava de dor. A alma de Michelangelo inspirava o amor à profissão.
E o amor é o que move a vida de um artista, onde através da expressão dos seus sentimentos, valores e experiências de vida, o mesmo é capaz de gritar ao mundo o seu maior motivador: a arte pela arte.
terça-feira, 27 de abril de 2010
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